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A investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro chegou à localização de Fabricio Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), em Atibaia, no interior paulista, onde foi preso na manhã desta quinta-feira (18), a partir de um celular que foi apreendido durante uma operação no Rio.
Havia, uma citação no aparelho de que Queiroz estava vivendo "escondido" na casa em que foi localizado, que é de propriedade do advogado Frederick Wassef, que atua na defesa da família Bolsonaro. Também foram encontradas no celular imagens de Queiroz em Atibaia.
Não foi divulgado, até o momento, quando e onde este celular foi apreendido. Queiroz e Flávio Bolsonaro são investigados pelo MP e a polícia fluminense em um esquema sobre "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Queiroz começou a ser monitorado pela polícia paulista há 10 dias, a pedido de promotores do Rio, que fizeram uma campana e filmaram o local para tentar confirmar a informação.
Mas o ex-assessor não saiu nenhum dia do imóvel enquanto era monitorado pela Polícia Civil. Ao desencadear a operação, na manhã desta quinta, os policiais ainda não tinham certeza de que Queiroz estava no local.
A informação preliminar é que funcionários do Wassef faziam um trabalho de “contra-inteligência”, vigiando a casa de forma velada para tentar descobrir se a própria polícia estava fazendo isso, tentando identificar policiais na região e permitir uma possível fuga antecipada do local.
Como o imóvel estava “deserto”, sem movimentação de funcionários, os investigadores se concentraram nos detalhes durante a campana: notaram, por exemplo, que a luz acendia e apagava, que tinha alguma movimentação lá dentro. Foi cruzando todas essas informações que eles inferiram que era o Queiroz que vivia no imóvel do advogado.
Sigilo
Toda a operação foi conduzida em sigilo. Nem o delegado de que chefiava a ação sabia quem era o alvo até as 6h da manhã, pouco antes de entrarem na casa. Um caseiro disse aos policiais que havia cerca de um ano que Queiroz vivia no local, que é de propriedade do advogado Wassef.
“O caseiro informou que ele estava [havia] por volta de um ano aqui. Tinha dois funcionários no fundo da casa, em uma edícula”, revelou o delegado Nico Gonçalves à GloboNews.
Em setembro de 2019, Wassef disse ao programa Em Foco não saber onde estava o ex-assessor, e afirmou não ser o advogado dele.
Ainda de acordo com o delegado, dois celulares foram apreendidos pela equipe do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo), além de documentos e mais de R$ 930 em dinheiro.
Queiroz foi levado de helicóptero para o Rio de Janeiro ainda na manhã desta quinta, logo após a prisão.
Queiroz estava dormindo no momento da prisão, ficou surpreso, mas não ofereceu resistência. Teria dito apenas que estava doente e tomava medicamentos, que foram encontrados na casa. Foi necessário arrombar a porta e cortar uma corrente para conseguir entrar no imóvel.
“Nós tocamos a campainha, talvez pelo adiantado da hora, eles não escutaram. Tinha uma corrente, nós precisamos cortar a corrente, e abrir a porta meio forçada para poder chegar até ele.”, disse o delegado Oswaldo Nico Gonçalves, que atuou na operação.
Investigação
Policial Militar aposentado, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta de maneira considerada "atípica", segundo relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf).
Ele trabalhou para o filho do presidente Jair Bolsonaro antes de Flávio tomar posse como senador, no período em que ele era deputado estadual no Rio.
No Rio, a Polícia Civil também fez buscas no início da manhã em um imóvel que consta na relação de bens do presidente Bolsonaro, em Bento Ribeiro, Zona Norte da capital fluminense.
Queiroz foi assessor e motorista de Flávio Bolsonaro até outubro de 2018, quando foi exonerado. O procedimento investigatório criminal do Ministério Público Estadual do RJ que apura as irregularidades envolvendo Queiroz na Alerj chegou a ser suspenso por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, após pedidos de Flávio Bolsonaro em 2019.
As investigações envolvem um relatório do Coaf, que apontou operações bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Alerj. Recursos usados para pagar funcionários na Alerj voltavam para os próprios deputados estaduais.
A movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz ocorreu, segundo as investigações, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, incluindo depósitos e saques.
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